Fala pessoal, depois de alguns meses de ansiedade, o tão esperado dia chegou, começava então a viagem para Barcelos-AM, para embarcar no barco-hotel Tucuninha, da equipe Pesca & Companhia. No grupo erámos eu, meu irmão Pedro, Paulo e Dr. Gilberto.
Sabíamos da situação do Rio Negro e afluentes, as informações eram de rio muitíssimo cheio, cerca de dois metros mais alto que a mesma data do ano passado, poucas praias e barrancos, água dentro do igapó e da mata, com pescarias muito difíceis relatadas pra quem estava voltando. Além de tudo isso, alto índice de chuvas, incomum para a época, dificultando ainda mais a descida do nível das águas, desestabilizando o rio, e logicamente, afetando a produtividade das pescarias.
Nada disso nos desanimou, o desafio era maior ainda e as capturas seriam com certeza mais comemoradas.
Após uma pernoite em Manaus no recomendadíssimo hotel Millenium, de manhã pegamos um vôo fretado para Barcelos-AM.
Paulo e eu, a ansiedade era intensa.
Indico sem ressalvas o serviço do ”Magal” que ajeitou para nós o transfer aeroporto-hotel-aeroporto e as passagens do vôo fretado. O avião do vôo fretado, um ATR-42 da MAP linhas aéreas, recomendado também.
Da janela do avião vimos a situação do Rio Negro, as inúmeras praias que nessa época do ano normalmente ficam expostas, estavam todas submersas, rio realmente muito cheio.
Chegamos em Barcelos, e já fomos recepcionados pela equipe Tucuninha, e em uma camionete, encaminhados ao porto da cidade, onde estava o nosso barco hotel. Chegando lá, fomos apresentados a toda a tripulação, comandante Orlando, guias João e Cabeludo e cozinheira/camareira Dona Meri. De boas vindas fomos recebidos com muitos aperitivos e bebida gelada, enquanto o almoço era preparado, já subíamos o rio, e no deck principal do barco, íamos arrumando as tralhas para a primeira tarde de pesca.
Barco Tucuninha:
Após o almoço, saímos para a primeira tarde de pesca, e já começamos varando a mata fechada para acessar os lagos centrais
Após muita insistência, meu primeiro peixe da pescaria foi entrar na isca de hélice, após esse, perdi mais um também na isca de hélice, meu irmão pegou alguns tucunarés-borboleta e o dia terminou assim, vimos que a pescaria não seria nada fácil.
O comandante Orlando nos deu duas opções, ou subiríamos o afluente Rio Cuiuni até o Rio Alegria, segundo ele, se acertássemos por lá seria uma grande pescaria, mas se não tivesse bom, não teria como voltar, pois é muito longe, a segunda opção era pescar no Rio Negro mesmo, nele a chance de errar é menor e tem várias opções de pesca caso queiramos tentar outros cantos. Escolhemos a segunda opção pois as notícias eram de afluentes muitíssimo cheios e para estarem com boas condições teriam que estar com menor nível de água.
Começamos o primeiro dia inteiro de pesca, pelas condições, capturamos uma boa quantidade de tucunarés pequenos, o destaque foi um tucunaré-paca de 4kg pego pelo meu irmão, mas quem saiu na foto fui eu. Eu bati muita isca de hélice mas os meus peixes foram entrar na Jumping Minnow.
O interessante que eu observei neste peixe, são os dois ocelos (mancha redonda semelhante a um olho, na nadadeira caudal):
Novamente entramos na mata para acessar as lagoas, com o nível alto da água, o acesso a elas fica mais fácil, o difícil mesmo era encontrar os peixes que estavam no meio do igapó alagado.
Os peixes não apareceram e a visita ao lago serviu apenas para um refrescante banho de rio e uma descansada na sombra porque o calor era muito forte.
No finalzinho da tarde ainda paramos para tentar algum peixe de couro, a única ação foi na minha vara, o alarme cantou e a linha disparou, mas eu perdi a fisgada.
O primeiro dia inteiro de pesca terminou com esse lindo pôr-do-sol:
No outro barco, que estavam o Paulo e o Gilberto, Paulo teve a felicidade de fisgar um enorme tucunaré-açu de 8kg na isca de hélice, seu primeiro açu já foi um peixe deste porte, já no primeiro dia de pesca, nos animou muito.
Começamos o segundo dia com algumas ações de peixes pequenos
Meu irmão pegou esse bonito tucunaré-açu na faixa dos 2kg
Após algum tempo sem ação, eu vinha batendo a isca de hélice e meu irmão batendo o jig, na margem oposta a uma praia ele recebe um tranco forte na vara, o peixe dispara e começa a tomar metros e metros de linha da sua carretilha, não teve como segurar, após um tempo de briga o peixe foi para a pauleira e continuava tomando linha entre as estruturas, tinhamos certeza de que se tratava de um peixe grande. Nosso guia João não pensou duas vezes, pulou na água e foi tentar tirar o peixe do meio dos paus, ele mergulhou e voltou com a linha mão, enquanto o peixe tirava a linha da carretilha do meu irmão, o João ia tirando a linha da pauleira, com muita calma, o peixe veio a sua direção e ele o segurou com o alicate de contenção. Era um enorme tucunaré-açu, muito lindo, com as cores vibrantes, o trabalho e experiência do guia foram fundamentais para essa captura.
Guia João após alguns mergulhos tirou o peixe da estrutura
Rapidamente fomos a praia bem perto, na outra margem, para pesarmos, tirarmos fotos e liberarmos o peixe.
Se tratava de um tucunaré açu de 19 lbs (8,6kg) pesados no alicate Boga Grip Original. Era o recorde pessoal de tucunaré do meu irmão.
Também fiz questão de sair na foto sozinho com o gigante:
Gravamos um vídeo da sua soltura
E após liberarmos o peixe, descansamos um tempo naquela praia, o lugar é um paraíso desenhado por Deus.
No alto da imagem a estrutura de mata onde o peixe foi capturado, e embaixo a praia onde ele foi solto:
Insistimos nos tucunarés com poucas ações e essas de peixes pequenos, então paramos para almoçar em um barranco:
Vai que tem um peixe naquela pauleira, não custa nada conferir, mas ele não estava lá.
Já satisfeitos com os tucunarés, fomos tentar a sorte com os peixes de couro
O rio cheio com certeza também afetava a pescaria de peixes de couro, insistimos muito e tivemos apenas uma ação, fisguei este pequeno filhote de piraíba
Assim terminou nosso dia, durante a noite, do deck do barco hotel, armamos as varas de peixe de couro, e para nossa surpresa fisgamos um peixe que tomou muita linha antes de escapar, até subimos na voadeira para ir atrás dele, sem sucesso.
Nosso terceiro dia começou muito bem, com a Jumping minnow fisgo esse belo tucunaré-açu, meu maior peixe até então, exatas 11lb (5kg) pesados no Boga grip Original.
Um enorme temporal estava se formando, deu tempo de pegar mais poucos tucunarés pequenos e este belo tucunaré-paca
A coisa estava ficando feia:
Encostamos esperando a forte chuva passar, e quando ela deu uma amenizada fomos arriscar em uma lagoa, por incrível que pareca foi nossa melhor tarde de pesca, vários tucunarés capturados e quase todos na isca de hélice.
Reparamos que os peixes dos lagos estavam mais escuros do que os peixes capturados no leito do rio
Mesmo embaixo de chuva o açuzinho resolveu aparecer:
O valente tucunaré-paca, que sempre nos engana na pancada na isca de hélice e na briga, nos fazendo achar que se tratava de um tucunaré bem maior:
Continuei insistindo nas iscas de hélice e entrou esse bonito tucunaré-açu:
Meu irmão acertou um tucunaré-açu, seu maior peixe do dia, 5kg, peixe pretão,feio, com cara de mau, o peixe estava bem magro, pelo tamanho da cabeça achavámos que era bem maior. Eu saí na foto:
Gravei até um rápido vídeo da captura:
Pegamos também alguns peixes menores, sem foto, assim terminou nosso terceiro dia inteiro de pesca. De noite, com o barco parado, novamente do deck, armamos as varas para tentar um peixe de couro, até a hora de dormir, recebemos uma cantada forte do alarme da carretilha, não deu tempo de fisgar.
No quarto dia já bem cedo, deixando o Tucuninha, já na voadeira, com o tempo nublado.
Novamente um grande temporal estava se formando, e em um bico de praia, acertamos vários peixes como este, entre açuzinhos, paquinhas e borboletas, todos nas iscas de superfície. Só tirei esta foto pois já chovia.
O temporal neste dia foi o mais feio da semana, muito vento e ondas enormes, dava até pra surfar no Rio Negro. Obiviamente abortamos a pescaria de tucunarés e amarramos o barco no barranco.
Esperamos dar uma acalmada no temporal e decidimos tentar os peixes de couro, pois o vento ainda era forte, e não havia condições de voltar aos tucunas. Até o final do dia perdemos quatro ações, dois peixes escaparam após fisgados, eram piraíbas pois correram para o meio do rio, mais um deles não conseguimos fisgar com êxito e o outro era uma pirarara que meu irmão fisgou e foi pro pau até termos que arrebentar a linha, que azar.
Ainda deu tempo de tentar uns tucunarés bem no final do dia, em uma entrada, batendo hélice, recebi na minha isca a maior pancada da pescaria, um gigantesco tucunaré-açu explodiu na rip roller, pegou e escapou rapidamente, o monstro rachou o pitão central da isca, a porrada vai ficar na minha memória por muito tempo, assustou a todos no barco, até ao experiente guia João. Foi o dia dos peixes perdidos.
No outro barco o Dr. Gilberto fisgou um enorme tucunaré-açu na isca de hélice, segundo o guia, na faixa dos 8kg, mas que saltou várias vezes antes de escapar.
Chegamos no Barco-hotel e o comandante Orlando e a Dona Meri haviam armado um belo luau na praia.
Além da costela de porco, teve também muita picanha
Toda a turma, Dr. Gilberto, Dona Meri, Eu, Paulo, Guias Cabeludo e João e comandante Orlando, faltou meu irmão Pedro que bateu a foto.
Resolvemos trocar as duplas, fomos nos dois últimos dias, eu e o Dr. gilberto e no outro barco meu irmão e o Paulo. Eu e o Gilberto ainda não tinhamos tirado nossos troféus e fomos tentar juntos.
O penúltimo dia de pesca começou assim, muita neblina e chuva fina
E depois ficou assim, muito sol.
Não deu outra, um lindo arco-íris se formou no céu
Esse foi meu pior dia de pesca na semana, peguei apenas alguns pequenos tucunarés-borboleta, meu maior peixe foi esse paca-açu, pequeno mas brigou demais. Nesse dia estranhamente os peixes apenas rebojavam atrás da isca, para espantar a mesma.
Pra fechar o dia, o arco íris ainda estava lá e mereceu mais uma foto
Tentamos também, sem sucesso, os peixes de couro, pelo menos tirei essa bela foto do final do dia.
Acordamos bem cedo, para o último dia de pesca, que seria encerrado as 11h pois devíamos voltar para almoçar, arrumar as malas e ir para o hotel, para que a tripulação começasse a organização e reabastecimento para o próximo grupo que estava chegando.
Fomos novamente, eu e o Gilberto, na última tentativa de pegar os nossos troféus. Quem nos acompanhou foi o guia João que resolveu navegar por mais de 1h até chegarmos na boca do Rio Cuiuni.
O último dia de pesca estava promissor, olha as estruturas do local:
Os tucunarés borboletas começaram a aparecer
Já passava das 8h da manhã e eu havia acabado de pedir ao guia para mudarmos de ponto pois só estava entrando borboletinhas pequenos, o guia não atendeu meu pedido e falou para eu continuar trabalhando a Jumping Minnow, até que eu recebi uma gigantesca porrada na minha isca, a maior explosão que já tive em um stick/zara, nunca sairá da minha memória, peixe fisgado, tomou muita linha, não tinha como segurá-lo, ele começou a passar nas estruturas e o guia foi jogando o barco em cima, fui trazendo-o devagar e quando vi o tamanho do animal, fiquei desesperado, mas com muita calma o guia João passou o alicate no peixe, era um gigantesco tucunaré-açu de exatos 19lb (8,6kg). Comemorei muito, pois todos aqueles dias de arremessos sem parar um minuto foram recompensados, eu estava merecendo aquele troféu. E aos 48 minutos do segundo tempo, à uma hora de Barcelos, ele estava ali, em minhas mãos, alma lavada, tirei um peso das costas, vamos à uma sessão de fotos,afinal, foi meu único troféu, tem que valorizar:
Eu estava sem forças para levantá-lo, a emoção era muito grande, tremedeira, nervosismo. Olha o tamanho do peixe em relação ao meu corpo.
Gravamos um vídeo da soltura: